segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

o encontro

«Estendeu-me a mão e não a retirou enquanto não lha apertei.
- Posso ao menos partir tranquilo, sabendo que vai pensar no que lhe disse e que voltaremos a falar? - perguntou.
- Não sei o que dizer, senhor Corelli.
- Agora não me diga nada. Prometo-lhe que da próxima vez que nos encontrarmos há-de ver tudo muito mais claro.
Com estas palavras sorriu-me cordialmente e afastou-se em direcção às escadas.
- Haverá uma próxima vez? - perguntei.
Corelli deteve-se e voltou-se para trás.
- Há sempre.
- Onde?
As últimas luzes do dia caíam sobre a cidade e os seus olhos brilhavam como duas brasas.
Vi-o desaparecer pela porta das escadas. Só então me apercebi de que, durante toda a conversa, não o vira pestanejar uma única vez.»

Carlos Ruiz Zafón em O Jogo do Anjo (tradução de Isabel Fraga, Dom Quixote)

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