quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

O tempo que se deteve

«Morrer; decidir morrer; é muito mais fácil para um adolescente que para um adulto. (...) para um jovem o futuro é uma coisa longínqua, abstracta, irreal, em que ele não chega a acreditar de verdade.
Siderada, via o seu amor desfeito, o mais belo pedaço da sua vida, que se afastava lentamente e para sempre; nada existia para ela a não ser esse passado; era a ele que queria mostrar-se, era a ele que queria falar e enviar sinais. O futuro não a interessava; desejava a eternidade; a eternidade é o tempo que se deteve, que se imobilizou; o futuro torna a eternidade impossível; ela desejava aniquilar o futuro.»

Milan Kundera em A Ignorância (tradução de Miguel Serras Pereira, ASA Editores)

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