quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Escrevíamos nas paredes

«será que poderemos, no fundo, saber alguma coisa até sobre as pessoas que vivem ao nosso lado? perguntou ela. Não somos todos prisioneiros? Ela tinha lido uma excelente peça de teatro acerca de um homem que escrevia nas paredes da sua cela, e sentia que a vida era muito isso - escrevíamos nas paredes. Quando desesperava das relações humanas (as pessoas eram tão complicadas), ia muitas vezes até ao seu jardim e recebia das flores uma paz que homens e mulheres jamais lhe haviam concedido. (...)
Quando éramos novos, disse Peter, entusiasmava-nos tanto conhecer pessoas. Agora (...) podemos observar, podemos compreender, sem perdermos a faculdade de sentir. Sim, isso é verdade, disse Sally. A cada ano que passava ela sentia com mais profundidade a paixão.»

Viginia Woolf em Mrs.Dalloway (tradução de José Miguel Silva, Relógio d'Água)

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