quarta-feira, 25 de setembro de 2013

inferno

«Julguei ter enlouquecido. Eu estava louco, e o lugar onde me encontrava era o inferno dos dementes, onde os humanos se misturam com as bestas e assumem as suas feições, os mortos ocupando o lugar dos vivos. Encontrava-me possuído de dois impulsos contrários. Um fazia-me querer erguer a cabeça, tirar o chapéu e caminhar até à mesa junto ao espelho, desmascarando naquele momento a gigantesca farsa que era encenada perante mim. O outro impulso, mais forte, manteve-me quieto, quase imóvel, olhando para as mãos que tremiam sem parar, tentando acalmar o remoinho de perguntas que navegavam no meu sangue.»

João Tordo em O Livro dos Homens sem Luz (editora D.Quixote - Leya)

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