«Não tarda
Entraremos no frio das trevas
Depois do adeus à brevidade viva do verão claro
Ouso já cair as achas
Em queda seca e fúnebre no chão dos pátios
Sei que serei inverno como ele: tremores
Cólera ódio horrores trabalho a custo e duro
Ao meu coração fará o que faz ao sol no inferno polar
Um bloco ardente e gelo
Tremo só de ouvir as achas que caem
Não é mais cavo o eco da força que se ergue
Meu espírito é gémeo das torres derrubadas
Por golpes infatigáveis de barrotes
Ritmado por esse som monótono
Sinto que algures um caixão se faz à pressa
Quem morreu?
Ainda ontem era verão
De repente o outono cai
Alguém se vai nessa queda muda»
Charles Baudelaire em As Flores do Mal (tradução de Maria Gabriela Llansol, Relógio D'Água)
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