«Aqueles que, de uma maneira ou de outra, conheceram a morte demasiado de perto e lhe escaparam têm em si a sua própria Eurídice: sabem que há neles qualquer coisa que se recorda demasiado bem da morte e que é melhor não olhar de frente. É que, como uma toca, como um quarto de cortinas cerradas, como a solidão, a morte é, simultaneamente, horrível e tentadora. Achamos que poderíamos sentir-nos bem nela. Bastaria deixarmo-nos arrastar para chegarmos a essa hibernação interior. Eurídice é tão sedutora que temos tendência a esquecermo-nos do motivo por que é preciso resistir-lhe.»
Amélie Nothomb em Metafísica dos Tubos (tradução de Fernanda Barão, Editorial Bizâncio)
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