«Os sonhos acabaram por se
tornar a vida dele e, desde então, a sua existência tomou um rumo
estranho; pode dizer-se que dormia acordado e estava de vigília no sono.
Se alguém o visse sentado em silêncio diante da mesa vazia, ou a andar
pela rua, decerto o tomaria por um sonâmbulo, ou por um indivíduo
destruído pelas bebidas fortes; o seu olhar estava privado de sentido, a
sua distracção natural ampliou-se e, autoritariamente, expulsava da
cara todos os sentimentos e movimentos. Apenas se animava com a chegada
da noite.
Este estado
desconcertou-lhe as forças e, para ele, a tortura mais terrível era que
o sono começava definitivamente a abandoná-lo. Para salvar esta sua
única riqueza, recorria a todos os métodos. Ouviu falar de meios que
restabelecem o sono - bastava tomar ópio. Mas onde podia arranjá-lo?
(...)
Era melhor que não existisses nunca, que não vivesses neste mundo, que fosses apenas uma criação de artista inspirado! Eu não me afastaria da tela, olharia eternamente para ti (...) Viveria e respirar-te-ia como um sonho maravilhoso, e então seria feliz.»
Era melhor que não existisses nunca, que não vivesses neste mundo, que fosses apenas uma criação de artista inspirado! Eu não me afastaria da tela, olharia eternamente para ti (...) Viveria e respirar-te-ia como um sonho maravilhoso, e então seria feliz.»
Sem comentários:
Enviar um comentário